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7 de jan. de 2009

Silêncio


Sempre fui conhecida como a tagarela, daquelas que falam, não somente falam muito, mas falam tempo todo e falam alto. Eu me considerava a fã nº 1 de uma dupla infantil da época e gostava de testar todos aqueles agudos de todas as músicas, chegava a subir na janela pra que todos me ouvissem cantando, como se houvesse alguma coisa incontida dentro de mim.

O silêncio não fazia parte do meu
cotidiano, pra mim ele se assemelhava ao tédio, mesmo entre amigos não entendia o que ele significava, quando não havia assunto uma piada ocupava os intervalos dos mais diversificados temas de nossas conversas.

Mas o tempo passa, agente cresce e descobre que certas coisas não cabem em palavras, por mais
fascinante que seja o ato da comunicação existem coisas que não são compartilhadas. Uma palavra pode dizer muito mas um ato diz tudo.

Só mais tarde entendi por que o silêncio me incomodava tanto, entendi que no silêncio são reveladas mais verdades do que nas palavras, um olhar, um sorriso, um aperto de mão são únicos, cada um é diferente do outro.

Daqui a uma semana vou ser obrigada a me despedir de dois amigos que amo muito, eles vão para o outro lado do país. Desde que eu soube cada abraço é cheio de tantas informações, cheio de sentimentos, de lembranças, de expectativas. Nem juntando todas as línguas do mundo saberia dizer o que acontece naquele momento, e me resta o silêncio. Me silencio, não por não querer falar nada, ou por não ter o que falar, me silencio por que não preciso falar, tudo está ali.

Hoje percebo que toda vez que interrompia o silêncio, minha intenção não era de preencher um vazio, mas de não deixar o que realmente existia dentro de mim saísse. Aquela sensação de algo incontido, era na verdade um grito do silencio em mim, por ter medo de transmitir sentimentos.

Não tenho mais medo do silêncio, medo de mostrar o que há em mim, não posso me dar o luxo de guardar pra mim o que o mundo precisa tanto.

Silêncio!

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